segunda-feira, 9 de abril de 2012

Poema-9

 Soneto da Separação

De repente do riso fez-se pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E do sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo mais próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinícius de Moraes
 

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